Sempre quis usar essa palavra e o Big Sur me deu licença poética para falar do que é “wanderlust”! Essa palavra não tem um sinônimo perfeito na língua portuguesa e a tradução mais próxima é “o desejo irrepreensível de viajar”! Não é profundo?!? Me encontrei nesse estado de espírito assim que finquei o pé na Califórnia! Um desejo de conhecer tudo, de ficar mais, de não voltar, de me aventurar… Eita viagem deliciosa!
O Big Sur é uma região da Costa da Califórnia que fica entre San Francisco e Los Angeles. É uma das grandes aventuras americanas, uma estrada repleta de curvas sinuosas e de paisagens de tirar o fôlego! É uma das “road trips” mais famosas da Califórnia e posso dizer que é uma região mágica mesmo! Levamos 3 dias para cruzar o Big Sur, com direito a muitas paradas e 3 noites deliciosas em diferentes partes da região. Diria que para explorar a região com mais calma, o ideal é fazer em 5 dias, mas com 3 dias dá para conhecer bastante coisa.
Quando começamos a programar a viagem eu peguei um mapa e dividi esse pedaço da nossa “road trip” em 3 grandes trechos:
1) De San Fran até Carmel/Monterey
2) O Big Sur de fato (trecho da Highway 1 que vai de Carmel até Cambria)
3) E para finalizar de Cambria até Morro Bay
Para quem está se programando para visitar a região nos próximos meses atenção: um trecho muito importante da Highway 1 está bloqueado por completo devido à queda de uma barreira, num lugar que se chama Ragged Point. Aconselho acompanhar a condição das estradas no site da Caltrans (nesse link aqui também tem um mapa bastante util) para programar a viagem e a sua rota. A queda de barreiras no pedaço conhecido oficialmente como Big Sur é relativamente comum, mas essa barreira foi um ponto fora da curva: a barreira caiu em Março de 2017 e o trecho vai ficar fechado até pelo menos Junho de 2018. Isso significa que hoje é impossível cruzar o Big Sur na totalidade. O que fizemos foi conhecer tudo o que queríamos até o Ragged Point, para então dar meia volta e seguir pela Highway 101 para dar a volta por trás do Big Sur (zero charme…. é uma Highway no meio de um vale, quase que um deserto). E depois pegamos a Route 46 para chegar até Cambria. Se tiver um dia a mais para aproveitar aconselho tirar proveito desse desvio e conhecer a região de Paso Robles, que é repleta de vinícolas fantásticas!
Bom tirando esse papo de desvios e estradas fechadas, vamos ao que interessa: as dicas! Vou falar brevemente sobre tudo o que vimos em cada um dos dias! Importante: dirija devagar! Digo isso porque a estrada é repleta de pontos de interesse e pequenos mirantes, principalmente no Big Sur! Então dirigir com atenção e sem pressa ajuda a conhecer melhor! Se prepare para ficar sem fôlego ao parar em alguns dos mirantes!
Dia 3:
Half Moon Bay & Maverick: se você gosta de surf certamente já ouviu sobre Maverick, praia de ondas gigantes! As ondas gigantes são um fenômeno comum no inverno, que não foi a época em que estávamos lá. Mas paramos ainda assim e a praia é um lugar meio surreal, escondida num parque logo antes de Half Moon Bay. Adorei conhecer e ver o mar sereno num lugar aonde no geral ele é extremamente revolto!
Santa Cruz: muito engraçado, porque muitas pessoas tinham me falado que Santa Cruz é o máximo e que o calçadão que conta com um daqueles parques de diversão à beira do mar é hiper divertido. No entanto chegamos em Santa Cruz no Outono e a cidade estava meio morta. Aproveitamos para parar para almoçar um lugar chamado The Picnic Basket e foi gostosinho. Mas eu diria que você só deveria parar em Santa Cruz se for no verão, caso contrário, passe para ver o calçadão e siga viagem para Monterey!
Monterey: eu sempre tive muita aflição de aquários, achava eles meio sem sentido… Tanto mar nesse mundo, porque manter a vida marinha em aquários. Dito isso, quando me falaram do Monterey Bay Aquarium não me empolguei muito e quase pensei em pular. Porém gostaria de ter lido mais sobre para ter programado mais tempo por lá!!! Olha só como a gente paga com a língua: chegamos lá e fomos surpreendidos por um aquário de ultima geração, imenso, estonteante, incrível. Essas são só algumas das palavras que me vieram à mente! O Aquário é fantástico, aconselho reservar pelo menos umas 3 horas para visitá-lo. Também tente visitar durante a semana pois é um pouco mais calmo e conseguirá aproveitar mais. Aprendi coisas que nunca achei que fosse aprender! Foi demais! Aqui vão as duas coisas que mais amei aprender: primeiro que o aquário tem uma missão de conservar a vida marinha da região, que diga-se de passagem é hiper rica! É um pouco contra-intuitivo, mas além de trazer mais conhecimento aos visitante e inspira-los a conservar os oceanos e a vida marinha, o aquário tem a missão de resgatar animais machucados, tratá-los e reintroduzi-los ao seu habitat. Por essa razão os ecossistemas que fazem parte do aquário tem uma função específica na preparação para reintroduzir os animais. Hiper interessante e amamos entender isso! A segunda coisa que amamos foi conhecer a vida marinha que habita a Costa do Big Sur: isso foi essencial para o dia que passamos em Cambria munidos de um binóculo!!! Enfim, resumindo: o aquário é imperdível!
Big Sur, parte 1: De Monterey seguimos direto para o Big Sur… Esse trecho da estrada é surreal, as curvas são hiper sinuosas, falésias e penhascos sem fim! Enfim um suspiro a cada curva! Existem muitas paradas e mirantes, pode parar em cada um deles: é uma surpresa a cada penhasco! Esses mirantes são sinalizados por placas de “vista point” e muitas vezes as plaquinhas aparecem do nada… Então aproveite! Quem assistiu aquele seriado fantástico da HBO “Big Little Lies” vai se lembrar da Bixby Creek Bridge, que aparece na entrada da série! É maravilhosa e tem alguns pontos para você parar e admirar essa ponte que foi construída em 1932! Outro lugar que nos chamou a atenção foi o Point Sur Light Station, um dos únicos faróis que podem ser visitados nos Estados Unidos: é um grande complexo e os tours duram 3 horas. Depois de muitos “vista points” e muitas milhas, decidimos parar para “almojantar” (almoço + jantar) no Nepenthe! Esse restaurante tem uma vista privilegiada para a costa e vi o por do sol mais surreal de toda a minha vida! Por isso recomendo demais tentar se programar para chegar lá no final do dia! Amamos jantar por lá, ao ar livre, curtindo a vista, foi mágico!
Onde dormimos nessa noite: Glen Oaks
Para quem estranhou, devido ao bloqueio da estrada, pulamos o Carmel nesse dia e deixamos para conhecer a cidade no dia 4 da viagem. Seguimos direto para o Big Sur e foi uma decisão super acertada! Decidimos dormir no meio do Big Sur, num hotel chamado Glen Oaks, absolutamente maravilhoso, ficamos numa cabana fantástica, no meio de uma floresta de Redwoods, árvores gigantes que são parentes das Sequoias, mas mais finas e mais altas! Amamos dormir ali no meio daquela imensidão toda! A nossa Cabin era hiper aconchegante, tinha seu próprio “fire pit” para fazermos marshmallows no fogo que nem nos filmes: amamos! (Para quem quer conhecer outras opções de estadia, aconselho o Ventana Big Sur e o Post Ranch Inn).
Dia 4:
Julia Pfeiffer Burns State Park: acordamos hiper cedinho para conhecer esse parque maravilhoso! De lá pegamos uma trilha bem curtinha que passa embaixo da estrada e nos leva ao mirante para admirar a McWay Falls, uma queda d’água fantástica! Vimos o dia começar por lá e foi mágico! Preste atenção na história do lugar… aliás fica a dica que grande parte dos mirantes tem grandes painéis que contam um monte de fatos interessantes da região, e esse local tem uma história hiper interessante!
Big Sur Roadhouse: voltamos para o hotel Glen Oaks para fazer o checkout e tomar um café da manhã no Big Sur Roadhouse, que é um café/restaurante que faz parte do hotel e fica à beira da estrada (como o próprio nome diz)! O lugar é hiper charmoso e tem um donuts muito muito bom!
17 Mile Drive: de lá seguimos viagem para Carmel, já que no primeiro dia havíamos pulado a cidade charmosinha! Mas antes de nos perdermos pelas vielas de Carmel, aproveitamos para fazer a 17 Mile Drive! Foi demais! É uma estradinha que é tipo uma condomínio/clube/campo de golfe/área de conservação! Enfim um lugar hiper surreal! Ao entrar na 17 Mile Drive, você recebe dos Rangers um mapa hiper detalhado com todos os pontos de interesse do Drive. Diria que o ponto alto é o Lone Cypress, um cipreste que fica sozinho numa pedra à beira do mar. É lindo, contemplativo, te faz pensar… Amamos fazer, é tudo hiper bem sinalizado, o lugar tem casas lindas, os campos de golfe são um show à parte, a praia é também linda!
Carmel: eita cidadezinha fofa! Foi o lugar perfeito para parar o carro, passear a pé e se perder nas vielas. Almoçamos no La Bicyclette, restaurante francês charmosinho e delicia que fica bem no centrinho! Foi uma delicia! A cidade é repleta de lojinhas, restaurantes e cafés! Se não for passar a noite em Carmel, reserve pelo menos umas 3 horinhas para almoçar e curtir a cidade. Antes de pegarmos a estrada, aproveitamos para encher o tanque e parar num café francês chamado Lafayette Bakery, que fica localizado na saída para a estrada. Como eu disse no início do post, devido ao bloqueio da Highway 1, seguimos de Carmel direto para Cambia via a Highway 101/Route 46.
Cambria: sabe aqueles lugares que você não tem nenhuma expectativa?! Foi tipo o aquário… Escolhi passar a noite lá porque achei o hotel hiper bonitinho e com preço bom! Caímos de amores pelo Cambria Beach Lodge: é um hotel boutique, lindinho, na beira da estrada, hiper charmoso, moderninho! Amamos o esquema do hotel, o fato de que eles têm um super mapinha da cidade com todos os pontos legais, o fato de que oferece binóculos e bicicletas, tudo nele foi pensado para ser aconchegante! Amamos! Logo que chegamos convenci o Fred a não se jogar na cama e ir dar uma volta na praia para ver o Por do Sol. Pensei comigo mesma: “se eles têm um binóculo no quarto, deve ter algo de interessante para ser visto na praia!”. E não deu outra: vimos duas famílias especiais, uma de focas e uma de lontras! Foi demais! Como já tínhamos ido ao aquário, tínhamos aprendido um monte sobre as lontras e foi o máximo vê-las em ação! Ficamos um tempão lá, só admirando a Moonstone Beach e a vida marinha rica do lugar! Praticamente vizinho do hotel tem o restaurante Sea Chest Oyster Bar: jantamos lá e foi uma noite muito delicia! O restaurante estava hiper cheio, o bar tinha varias jogos divertidos e ficamos lá bebericando e jogando até nossa mesa ficar pronta. A comida estava muito muito gostosa! Saímos gordinhos e felizes!
Dia 5:
Piedras Blancas State Marine Reserve: antes de sairmos de Cambria aproveitamos para ir conhecer essa reserva ambiental! Foi surreal: é uma praia que serve de casa para uma colônia gigantesca de elefantes marinhos! Você consegue observar eles bem de pertinho (perto o suficiente para sentir o hálito de cada baforada deles)! O binóculo não foi nem necessário… Amamos!
Seguimos viagem em direção à Solvang, mas antes de falar dessa cidade fofa, vou dar uma dica para quem tiver mais tempo que nós. Bem pertinho de Cambria fica a cidade de San Simeon. Lá existe uma mansão que é tão enorme que na real é um castelo. Se tiver chance, faça um tour do local: Hearst Castle. É um mundo à parte… Dizem que o passeio vale super!
Outra dica é parar para admirar o Morro Rock, que fica na cidade de Morro Bay. É lindo!
Solvang: essa cidade é uma aldeia dinamarquesa no meio da Califórnia! Com direito até a uma réplica da famosa sereia que fica em Copenhagen. Almoçamos lá num restaurante chamado Paula’s Pancake House: é um diner que tem as melhores panquecas da vida! Amamos ter ido durante a semana, pois dizem que aos finais de semana à espera é hiper longa! Sentamos nas mesinhas da rua, é um restaurante simples, lembra o serviço de um típico “diner” americano. Depois nós demos uma volta, entramos em algumas lojinhas, tomamos um café delicia no café da The Book Loft, e amamos a lojinha de balas dinamarquesas Swedish Candy Store. Fica a dica que o hotel The Landsby é hiper charmoso e pode ser um bom local para passar a noite.
Santa Barbara: Depois desse mini passeio seguimos viagem para Santa Barbara! O caminho para lá é lindo… Atenção para o Lake Cachuma que fica no caminho! Fizemos o check in no hotel que passamos a noite: o The Wayfarer. É um hotel boutique charmosinho que fica bem num pedaço de Santa Barbara chamado de Funky Town. É uma região repleta de novidades, demorei para me entender com a cidade, mas agora estou com vontade de voltar para explorar melhor. Tomamos um porre inesquecível explorando a “Urban Wine Trail”, um roteiro de vinícolas que ficam concentradas no centro da cidade e que podem ser todas visitadas a pé! Achei a ideia brilhante, pois não envolvia ter que pegar um carro! Mal sabia eu que esse seria o fato determinante do meu porre! Conhecemos 3 vinícolas: a Kunin, a DV8 e a Municipal! Saí trançando as pernas, munida de meia dúzia de garrafas de vinho para levar para casa! Foi histórico! Se tiver mais tempo do que nós, recomendo passar 2 dias inteiros para explorar mais a cidade! Por exemplo, a Urban Wine Trail conta com mais de 20 vinícolas! Impossível fazer todas de uma vez! Outra dica incrível é guardar espaço para tomar um café da manhã na Helena Avenue Bakery, um padaria maravilhosa! Além disso, para quem quer cair nas comprinhas, a State Street, que é praticamente o centro comercial da cidade, é repleto de lojas muito boas… Jantamos num lugar da modinha que se chama The Lark: não gostamos, mas não acho que foi culpa do restaurante, acho que foi culpa do nosso porre mesmo. O lugar em si era super descolado, estava lotado, e recomendo para quem gosta de um agito!
Enfim, chegamos agora no último pedaço da viagem, que ficou para o último post que vem na sequência: Los Angeles – City of Stars… Saímos do Big Sur absolutamente apaixonados pelo lugar, pelo clima, pelo astral, por tudo! E o que sinto agora é puro “Wanderlust”: um desejo irrepreensível de viajar de novo para lá!